Entardecemos, entrelaçados nós.
Um sol diluído pelas paredes do
quarto e caramelizado no meu cabelo- corpos desnudos, gotículas de
suor, odores. Estendes-me a mão num areal de mantos, onde a sonolência é
um único mar, de cristal, onde todos os sonhos estão ao alcance da
pele.
Tacteando- sob a luz âmbar do entardecer, entrelaçados nós-
encontras-me em curvas que nunca senti, vales, encostas, colinas de mim
que ousas explorar.
Tocas-me- seca eu, as tuas mãos parecem ter sede-
vagueias à procura de rios, de água que te afogue em lumes brandos, e
escalas o peito, a minha boca é um poço.
Tons de mel lentamente
gelam os lençóis e, algures em céus arroxeados, acendem-se estrelas,
humildes chamas das noites, cúmplices, ladras de pudores.
Anoitecemos, abraçados nós.