quarta-feira, 5 de junho de 2013

cemos; çados nós

Entardecemos, entrelaçados nós.
Um sol diluído pelas paredes do quarto e caramelizado no meu cabelo- corpos desnudos, gotículas de suor, odores. Estendes-me a mão num areal de mantos, onde a sonolência é um único mar, de cristal, onde todos os sonhos estão ao alcance da pele. 
Tacteando- sob a luz âmbar do entardecer, entrelaçados nós- encontras-me em curvas que nunca senti, vales, encostas, colinas de mim que ousas explorar. 
Tocas-me- seca eu, as tuas mãos parecem ter sede- vagueias à procura de rios, de água que te afogue em lumes brandos, e escalas o peito, a minha boca é um poço. 
Tons de mel lentamente gelam os lençóis e, algures em céus arroxeados, acendem-se estrelas, humildes chamas das noites, cúmplices, ladras de pudores. 
Anoitecemos, abraçados nós.

domingo, 2 de junho de 2013

Asas

Asas, tragam-me asas sem qualquer ave
Peço
E repito, tão triste e fortemente
Que em minhas costas
Um par delas se ergue.

Asas crescem de mim
E eu ainda não voei.

Iolanda Oliveira